CT (Lux) US Contrarian Core Equities Fund: Estratégia e Perspetivas com Richard McCloskey


Richard McCloskey, Vice-Presidente e Client Portfolio Manager na Columbia Threadneedle, apresenta a estratégia por trás do CT (Lux) US Contrarian Core Equities Fund. Através de uma abordagem contrarian, o fundo investe em ações subvalorizadas com potencial de recuperação, combinando estilos de valor e crescimento.
Nesta entrevista, McCloskey partilha como navegam num mercado volátil, integram critérios ESG e ajustam o fundo face às atuais dinâmicas económicas.
Estratégia e filosofia do CT (Lux) US Contrarian Core Equities Fund
O CT (Lux) US Contrarian Core Equities Fund destaca-se pela sua abordagem contrarian, procurando valor em ações subestimadas com potencial de recuperação. Richard McCloskey explica como esta abordagem permite capitalizar oportunidades que outros ignoram, distinguindo problemas temporários de desafios estruturais.
- Quais são os fatores que impulsionam a seleção de ações subvalorizadas e como distinguem entre contratempos temporários e problemas sistémicos?
A resposta varia bastante de uma ação para outra. Idealmente, a equipa identifica um problema que está a pressionar o preço de uma ação específica, mas que aparenta ser mais transitório por natureza, evitando ações que estejam fora de favor devido a desafios estruturais e de longo prazo.
Estilo de investimento
O fundo combina ações de valor e crescimento, adotando uma filosofia neutra em termos de estilo. As decisões de alocação resultam da análise individual de cada oportunidade.
- Como decidem o equilíbrio entre estilos e como tem evoluído a alocação no contexto atual?
Embora a abordagem seja neutra em termos de estilo, o fundo tende a manter um equilíbrio relativamente estável. No entanto, inclinações para crescimento ou valor resultam mais do processo de seleção de ações individuais (bottom-up) do que de uma decisão macro (top-down).
Por exemplo, se em determinado momento o fundo apresentar uma maior inclinação para o crescimento, isso significa simplesmente que os gestores de portefólio estão a encontrar mais oportunidades atrativas no segmento de crescimento em comparação com o valor.
Atualmente, temos uma ligeira inclinação para o crescimento, o que está em vigor desde meados de 2022. No início desse ano, o fundo estava mais direcionado para o valor, mas, com o início do ciclo histórico de subida de taxas pela Reserva Federal dos EUA, houve uma correção acentuada nas ações com múltiplos elevados, muito mais pronunciada do que nas ações de valor, levando-nos a ajustar gradualmente o portefólio para nomes com maior potencial de crescimento.
Integração de critérios ESG (Artigo 8)
O fundo está classificado como Artigo 8 ao abrigo do SFDR, integrando critérios de investimento responsável.
- Como são integrados os fatores ESG e que impacto têm na seleção de ações e no desempenho do fundo?
A conformidade com o Artigo 8 decorre do nosso foco na materialidade ESG e da exclusão de fabricantes de armamento controverso. Temos um grupo dedicado ao Investimento Responsável, que gera análises detalhadas a nível das ações, avaliando riscos e exposições ESG. A equipa de gestão de portefólio utiliza este recurso para assegurar a conformidade com o Artigo 8.
Desde a transição para o Artigo 8, em novembro de 2023, não houve um impacto significativo no desempenho do fundo.
Processo de investimento e gestão de risco
O fundo opera num ambiente de elevada volatilidade, onde a gestão de riscos é fundamental para manter o desempenho e proteger o capital.
- Que estratégias de gestão de riscos utilizam para garantir que o fundo se mantém dentro do seu orçamento de risco?
Os gestores de portefólio utilizam uma ferramenta proprietária de análise de risco baseada na plataforma Aladdin, que lhes permite monitorizar em tempo real todas as exposições a fatores e riscos. Além disso, existe um grupo de risco independente que se reúne trimestralmente com os gestores de portefólio para rever potenciais exposições, intencionais ou não.
Por fim, contamos com um Comité de Supervisão de Investimento, que se reúne anualmente para assegurar que a equipa de gestão de portefólio está a cumprir o seu objetivo declarado.
Ao sair de uma posição, o fundo aplica vários critérios, incluindo uma queda de 15% em relação ao índice de referência. Poderia explicar a importância deste limiar e outros fatores disciplinares na otimização do desempenho do fundo?
A regra de stop-loss foca-se em participações que tenham registado uma queda superior a 15% em relação ao mercado como um todo e ao preço inicial de compra da ação. Este limiar ajuda a equipa a identificar investimentos cujo racional pode não estar a concretizar-se conforme o esperado inicialmente.
Contexto económico e de mercado atual
As recentes alterações nas taxas de juro e o contexto macroeconómico levaram o fundo a ajustar o seu posicionamento para maximizar as oportunidades.
- Como ajustou o fundo o seu posicionamento face aos desenvolvimentos económicos recentes nos EUA?
Como referido anteriormente, no início de 2022, quando a Reserva Federal dos EUA começou a aumentar as taxas de juro, as ações de crescimento registaram uma forte correção. Os gestores de portefólio aproveitaram essa fraqueza e ajustaram gradualmente o fundo para uma maior inclinação para o crescimento.
Tendências setoriais
O fundo mantém uma posição neutra em termos setoriais, com exposição significativa a setores como tecnologia e indústria financeira.
- Que tendências observam nestes setores? Existem setores emergentes ou temas que estejam a acompanhar de perto?
O fundo é neutro em termos de setor, sendo que, na maioria das vezes, os pesos dos setores mantêm-se dentro de uma margem de 200 a 300 pontos base em relação ao índice de referência. De um modo geral, a equipa tende a identificar oportunidades atrativas nos 11 setores do GICS.
Impacto das taxas de juro
O fundo avalia cuidadosamente o impacto das variações nas taxas de juro, considerando o seu efeito em diferentes setores e ativos.
- Como antecipam que a continuação das subidas das taxas afetará o mercado e as valorizações, especialmente nos setores mais sensíveis às taxas?
Analisamos fatores como este ao nível das ações individuais, sendo que diferentes títulos reagem de forma distinta às alterações nas taxas de juro. A equipa espera que as taxas de juro diminuam em 2025, mas continuará a considerar estas questões macroeconómicas na avaliação de cada ação.
Visão para o futuro
O fundo prepara-se para um ambiente de maior volatilidade, encarando-o como uma oportunidade para gerar valor sustentado a longo prazo.
- Qual é a visão do fundo para os próximos cinco anos, considerando os desafios económicos e a crescente procura por investimentos ESG?
Como mencionado, a nossa abordagem é fortemente orientada de forma bottom-up. Acreditamos que continuaremos a identificar oportunidades de investimento atrativas, permitindo-nos alcançar resultados superiores ao índice de referência a longo prazo.
Para o futuro, antecipamos uma escalada da volatilidade, dada a incerteza associada a uma potencial segunda administração Trump, questões em torno da política da Fed e tensões geopolíticas crescentes. Uma maior volatilidade tende a criar um ambiente favorável à nossa estratégia, pelo que esperamos que o padrão de desempenho superior a longo prazo se mantenha.
RANKIA PORTUGAL: Este artigo tem caráter exclusivamente informativo e educacional. As informações aqui contidas não constituem aconselhamento financeiro, nem recomendação de compra ou venda de quaisquer instrumentos financeiros. A rentabilidade passada não garante retornos futuros. Antes de tomar decisões de investimento, recomenda-se a consulta de um profissional devidamente habilitado.
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