Data da próxima reunião da Fed e o que esperar do mercado


A FED é o banco central dos Estados Unidos. Trata-se de uma das instituições mais influentes do mundo. Veremos o que é, o que decide, que impacto têm as reuniões da FED nos mercados, e o calendário das reuniões da FED para 2024.

Veremos o que podemos esperar que a Reserva Federal faça, não só na sua próxima reunião de março, mas também durante o resto do ano. Sem dúvida, esta é uma das questões mais acompanhadas pelos investidores, uma vez que afeta diretamente a evolução dos mercados (ações, divisas, índices), bem como a própria economia.
O que acontece nas reuniões da Fed? Ata do FOMC
Quando falamos da Reserva Federal, para entender tudo o que acontece nas suas reuniões, precisamos conhecer quatro conceitos:
- FOMC: é o comité de política monetária da Reserva Federal. É composto por 12 membros. É responsável pelas estratégias de política monetária para atingir os objetivos. Reúne-se 8 vezes ao ano, aproximadamente a cada 6 semanas, em Washington. Geralmente, das 8 vezes que se reúne ao ano, em metade oferece posteriormente uma conferência de imprensa.
- Atas da Fed: resumem em profundidade todos os assuntos tratados pelo FOMC nas suas reuniões. As Atas são publicadas 3 semanas após cada reunião do FOMC e mostram as opiniões de todos os membros que participaram nas reuniões.
- Livro Bege: é um conjunto de dados que o FOMC utiliza nas suas reuniões para tomar decisões. É publicado cerca de 2 semanas antes das reuniões do FOMC.
- Dot plot: é um gráfico que apresenta uma série de pontos. Esse gráfico é publicado gratuitamente após cada reunião da Reserva Federal e reflete o que cada membro pensa sobre se os juros subirão ou cairão pelo resto do ano e nos seguintes, e quanto. Originou-se no final de 2011 com Ben Bernanke como presidente do Banco.
Calendário de reuniões da FED 2025
A Reserva Federal reúne-se 8 vezes por ano, com um intervalo de aproximadamente 40 dias entre cada reunião. Vejamos agora o calendário de reuniões da FED para 2025:
Este é o calendário das reuniões para 2024:
- 28-29 de Janeiro
- 18-19 de Março
- 6-7 de Maio
- 17-18 de Junho
- 29-30 de Julho
- 16-17 de Setembro
- 28-29 de Novembro
- 9-10 de Dezembro
Se estiveres interessado nas políticas dos bancos centrais, poderás também consultar o nosso calendário para descobrir a próxima reunião do BCE.
Última reunião da FED: segunda reunião sem cortes e tom moderado quanto aos efeitos dos direitos aduaneiros
A Reserva Federal, na sua segunda reunião de 2025, decidiu manter a pausa nos cortes da taxa de juro, tal como antecipado pelos mercados futuros, que atribuíram a essa decisão uma probabilidade superior a 98%. Assim, a taxa de juro permanece num intervalo entre os 4,25% e os 4,5%.
E não só. O banco central norte-americano adotou também um tom mais dovish, ou seja, mais favorável ao estímulo da economia ao longo do presente ano, com base em dois pontos principais.
A inflação causada pelos direitos aduaneiros será transitória
A Fed garantiu que os efeitos dos direitos aduaneiros sobre a inflação serão apenas temporários e não provocarão um aumento sustentado dos preços. Este tom mais tranquilo provocou uma reação positiva em Wall Street, com subidas de 2% nos principais índices, impulsionadas pelo discurso mais moderado de Jerome Powell, contrariando as expectativas de muitos analistas.

No entanto, o tom mais conciliador não apaga a realidade económica mais difícil. A Fed reviu em baixa a sua previsão de crescimento do PIB para 2025, de 2,1% para 1,7%. Ainda assim, não apontou sinais de recessão ou de estagflação iminente, o que, pelo menos por agora, afasta os cenários mais pessimistas temidos pelos investidores.
Contudo, importa manter alguma prudência. Como recordou Mohamed El-Erian, economista-chefe da Allianz:
“Da última vez que a Fed previu que a inflação seria ‘transitória’, em 2021, esta acabou por se instalar… e ainda não desapareceu totalmente.”
Pausa na redução do balanço da Fed
Outro ponto essencial abordado na reunião foi a mudança na gestão do balanço da Fed, a ser implementada ainda este mês.
Até agora, o banco central vinha reduzindo os seus ativos a um ritmo de 25 mil milhões de dólares por mês. A partir de agora, essa redução será feita a um ritmo mais lento, de apenas 5 mil milhões mensais. Na prática, este abrandamento significa um corte na política de contração monetária, que funcionava como uma subida indireta das taxas de juro.
Ou, por outras palavras, com esta decisão, a Fed reconhece que a economia ainda necessita de algum apoio, optando por uma abordagem mais gradual, em vez de implementar estímulos agressivos ou cortes imediatos na taxa de juro.

No que diz respeito à redução das vendas de obrigações, Powell referiu que foram detetadas “algumas tensões” nos mercados de liquidez, razão pela qual foi tomada a decisão de abrandar a retirada de fundos. Ainda assim, o presidente da Fed sublinhou que o processo de redução do balanço continuará a médio prazo, embora a um ritmo mais lento.
Como consequência, a rendibilidade das obrigações do Tesouro desceu de 4,3% para 4,2%.
👉 E, a propósito de Donald Trump, convidamo-lo a consultar o nosso artigo sobre cinco ações que poderão beneficiar com o eventual regresso do “Trump Trade”.
O que esperar da próxima reunião da FED?
Para já, o dot plot permanece inalterado face ao que foi apresentado em janeiro de 2025. Ou seja, a maioria dos responsáveis da Reserva Federal continua a prever dois cortes nas taxas de juro, cada um de 25 pontos base, ao longo de 2025. Isto significa que o banco central mantém uma visão macroeconómica semelhante à anteriormente expressa.
Nesse cenário, as taxas de juro seriam colocadas num intervalo entre 3,75% e 4% até ao final do ano. Se estas previsões se concretizarem, em 2026 seguir-se-iam mais dois cortes de igual dimensão, levando os juros para a faixa dos 3,25% a 3,5%. Finalmente, em 2027, está previsto um último corte adicional, que colocaria as taxas entre 3% e 3,25%.
Por outro lado, o mercado de futuros mantém uma postura mais prudente e prevê, no melhor dos cenários, três cortes de 25 pontos base. A primeira descida não é esperada já na próxima reunião, mas sim para uma das seguintes — em junho ou julho. A segunda poderia ocorrer entre setembro e outubro.

A FED cortou as taxas de juro em 2024?
O que aconteceu no passado? Após 11 aumentos consecutivos das taxas de juro implementados pela FED desde novembro de 2021 com o objetivo de conter a inflação, o valor máximo da taxa manteve-se, desde julho de 2023, num intervalo entre 5,25% e 5,5%.
Ainda assim, foi apenas em setembro de 2024 que a Reserva Federal decidiu iniciar um processo de redução das taxas, motivada pela queda consistente da inflação nos meses anteriores.
No total, verificou-se uma descida acumulada de 100 pontos base ao longo de 2024, embora todo o processo de normalização monetária tenha ocorrido entre setembro e dezembro.
Que impacto têm no mercado as reuniões da FED?
A Reserva Federal dos Estados Unidos (FED) é, portanto, uma instituição essencial para a saúde económica do país e exerce uma influência significativa nos mercados financeiros a nível global. As reuniões da FED, nas quais são definidas as políticas monetárias — especialmente no que diz respeito às taxas de juro — podem ter um impacto relevante nos mercados financeiros.
O que acontece quando há subida das taxas de juro?
Quando a FED decide aumentar as taxas de juro, ou implementar outras medidas destinadas a reduzir a liquidez no sistema, geralmente com o objetivo de controlar a inflação, isso traduz-se numa desaceleração da economia.
O aumento das taxas torna o crédito mais caro, desencorajando o recurso a empréstimos. Este efeito, por sua vez, reduz a procura agregada e o nível de consumo.

A redução da liquidez também afeta negativamente o mercado acionista. Menos liquidez significa menos recursos disponíveis para investimento. Assim, de forma geral, a subida das taxas de juro está associada a uma queda no valor das ações.
Contudo, em determinados contextos, o mercado pode já ter “descontado” esse aumento, sobretudo quando — como é habitual — a FED antecipou publicamente as suas intenções antes da decisão oficial. Nestes casos, o impacto nos mercados tende a ser mais moderado.
Em tempos de incerteza, como os que costumam seguir-se a aumentos das taxas, investir em ações defensivas pode ser uma estratégia sensata. Também os chamados ativos de refúgio, com baixa correlação com o ciclo económico — como o ouro —, podem constituir uma opção a considerar.
O que acontece quando há descida das taxas de juro?
Pelo contrário, quando a FED ou qualquer outro banco central opta por reduzir as taxas de juro, o objetivo é geralmente o oposto ao de uma subida de taxas. Entre os principais efeitos esperados de uma descida das taxas, destacam-se:
- Estímulo à economia: A redução das taxas torna o crédito mais acessível, incentivando empresas e consumidores a contrair empréstimos para investir ou consumir.
- Aumento do consumo: Com o crédito mais barato, os consumidores tendem a realizar compras de maior valor, como habitação ou automóveis, o que estimula a procura agregada.
- Impacto positivo nos mercados acionistas: A descida das taxas tende a reduzir os custos de financiamento e a aumentar o consumo e o investimento, melhorando as perspetivas de lucros das empresas, o que normalmente se reflete na valorização das ações.
- Desvalorização da moeda: Em certos contextos, uma taxa de juro mais baixa pode levar à desvalorização da moeda nacional, à medida que os investidores procuram retornos mais elevados noutros mercados e vendem a moeda local.
- Risco de inflação: Embora o objetivo seja estimular a economia, um possível efeito colateral é a subida da inflação, especialmente se a oferta não acompanhar o aumento da procura.
FAQs sobre a FED
A próxima reunião da Fed terá lugar no 6-7 de maio de 2025.
Nem para este ano, nem para o próximo estão previstos aumentos nas taxas de juro, mas a FED ainda não tem confiança suficiente para considerar que a luta contra a inflação está ganha. É provável que as taxas continuem a ser reduzidas ao longo de 2025, embora não se descarte uma ligeira subida caso Trump volte a desencadear inflação com a aplicação da sua política económica.
A FED reúne-se para a determinação das políticas sobre as taxas de juro 8 vezes ao ano, em datas predeterminadas
Esta informação não constitui uma sugestão de investimento. Recomendamos que obtenha mais informações antes de tomar qualquer decisão
Artigos Relacionados




