Como ganhar dinheiro com a queda da bolsa? | 3 alternativas


Como investidores, apenas conhecemos períodos de quedas de mercado prolongadas no tempo. De facto, talvez a queda mais brusca que muitos recordem seja o crash de 2007, mas a verdade é que, por qualquer motivo, de tempos em tempos ocorrem, são mais bruscas e duram menos tempo.
Por isso, hoje veremos 3 alternativas de como investir para aproveitar a cada vez mais escassa janela de oportunidade que deixam os mercados em baixa.
Quanto tempo dura um mercado em baixa e quanto cai a bolsa?
A história da bolsa de valores moderna já conta com algo mais de um século de história.
E se pararmos para pensar, são muitos os acontecimentos que justificaram mercados em baixa com retrocessos superiores a 20%: Guerras mundiais, a guerra fria, o fim do acordo de Bretton Woods, crash financeiro, uma pandemia, e agora as tarifas de Trump.

Não importa quantas coisas tenham acontecido, parece que a evidência histórica mostra duas conclusões:
- Cada vez as quedas da bolsa são mais intensas
- E cada vez duram menos tempo.
De facto, se tomarmos os últimos 40 anos (desde 1980), na tabela seguinte recolhemos as maiores quedas da bolsa, e quanto tempo duraram:
Evento | Queda | Duração |
Crash da segunda-feira negra (1987) | 33% | Apenas um par de meses. |
Bolha das pontocom (2000–2002) | 49% | 30 meses. |
Crise financeira (2007 – 2009) | 57% | 17 meses |
COVID (2020) | 34% | Apenas 1 mês e meio |
Inflação e taxas de juro (2022) | 25% | 10 meses |
Tarifas de Trump (2025) | +20% | ??? |
Com tudo, a tabela dá-nos a entender que nos últimos 40 anos, a queda média do índice S&P 500 foi de cerca de 33%, com uma duração média de 12 meses.
Sobre isto mesmo já refletiu Enrique Roca durante a VI Edição da Rankia Markers Experience, onde assegurou que cada 20 ou 25 anos é possível ver um retrocesso bolsista superior a 50%, enquanto que em média a cada 5 anos pode chegar a ser de 20% ou 25%. Deixo aqui o vídeo para que possam dar uma olhada.
Crise bolsista das tarifas?
Bem, e com isso chegamos à situação do mercado em baixa atual.
E qual foi desta vez o motivo? A guerra comercial que Donald Trump declarou ao mundo com tarifas mínimas de 20% – mas negociáveis – a parceiros comerciais como México, Canadá e a própria UE, e que podem chegar a escalar até 104% como foi a asfixia que impôs à China.
E claro, nesse contexto, os mercados entraram em pânico com recuos de 20% no SP500, 23% no Nasdaq, 25% no Russell 2000. Além disso, o Índice VIX que mede o medo do SP500 (através da volatilidade implícita do mercado de opções), chegou a marcar 57 pontos, um nível que não se via desde a pandemia.

Digo-te mais, para ver tal nível de stress anterior à pandemia, teríamos que voltar à crise financeira de 2007.
Por falar nisso, se te interessa saber a verdadeira crise que poderia chegar aos EUA, é através da bomba de dívida que vence no atual 2025, sobre isso reflito no artigo ligado.
Seja como for, a realidade é que agora em apenas dois meses temos um recuo médio de 20% – 25%. Portanto, poderíamos dizer que, a menos que comecem a quebrar coisas importantes – empresas falirem, o desemprego disparar, etc. -, se não tocámos no fundo, não deveríamos estar muito longe.
Como investir quando a bolsa cai? | 3 opções diferentes
Mas a realidade é a que é, e é que sem nos darmos conta entrámos num novo mercado em baixa. E é aqui que me pergunto: Como investir na bolsa se esta não para de cair.
O certo é que contamos com várias alternativas, apresento-te as mais destacadas:
Promediar a queda
Quando os mercados caem, muitos investidores ficam paralisados: Preferem comprar em máximos históricos com relativas sobrevalorizações, a fazê-lo a preços de desconto.
No entanto, há uma estratégia simples e eficaz que pode ajudar-te a aproveitar essas quedas: o DCA ou Dollar Cost Averaging. É uma estratégia que consiste em investir uma quantia fixa de dinheiro de forma periódica (por exemplo, todos os meses), independentemente de o mercado subir ou descer.

Portanto, esta estratégia de investimento é tremendamente útil em mercados baixistas, já que quando as ações ou fundos baixam de preço, com a mesma quantia compras mais unidades. Desta forma, vais promediando o preço em baixa conseguindo um preço médio mais barato, e quando o mercado se recuperar, o teu ponto de entrada terá sido mais favorável para o próximo ciclo de alta.
Exemplo da força do DCA a longo prazo
Por exemplo, se um investidor tivesse investido no topo da bolha do crash de 1929, teria demorado 20 anos a recuperar todo o seu dinheiro. No entanto, se após essa queda tivesse ido promediando mês a mês com aportações periódicas, teria recuperado em apenas 5 anos.
Essa é a magia do DCA, e a razão pela qual é o meu método de investimento favorito.
Obviamente, o DCA não elimina o risco, mas sim distribui-o no tempo e ajuda-te a manter-te investido com lógica, não com emoções.
Comprar ETFs ou Fundos Inversos
A segunda forma é algo mais especulativa, e por isso, pode acarretar um risco maior. Mas a verdade é que quando os mercados entram no vermelho, nem sempre é necessário vender as tuas posições para te protegeres. Uma opção interessante é usar ETFs ou fundos inversos.
Consequentemente, os ETFs inversos são produtos que sobe quando o mercado desce. Se formos a um ETF inverso do S&P 500, ganhará valor se esse índice cair, replicando de forma inversa no ETF a percentagem caída sobre o índice de referência. Por exemplo: se o índice SP500 descer 1%, o ETF sobe 1%.
Desta forma, podem ser instrumentos muito interessantes, pois permitem cobrir a tua carteira sem vender os teus fundos ou ações atuais, e evitar passar pelo Fisco, já que não vendeste nada. Em outras palavras, aproveitar uma queda pontual enquanto manténs a tua estratégia a longo prazo intacta.
Aqui deixo-te com alguns exemplos de ETFs inversos
ETFs | ISIN | Rentabilidade (2025) |
Xtrackers S&P 500 Inverse Daily Swap UCITS ETF 1 | LU0322251520 | 15% |
WisdomTree NASDAQ 100 3x Daily Short | IE00BLRPRJ20 | 43% |
Amundi MSCI USA Daily (-1x) Inverse UCITS ETF Acc | LU1327051279 | 10% |
Com tudo, muito cuidado, já que estes produtos estão pensados para movimentos de curto prazo. Não convém mantê-los muito tempo, porque replicam as quedas dia a dia e podem comportar-se de forma diferente se o mercado recuperar com força.
Abrir posições curtas com futuros ou opções
Em terceiro lugar, quando os mercados caem, nem sempre é necessário vender as tuas posições para proteger a tua carteira ou gerar rendimentos. Outra opção muito mais especulativa é abrir posições curtas com futuros, ou usar estratégias de opções do tipo spreads para tirar proveito das quedas sem te desfazeres dos teus ativos e, além disso, sem ter que passar pelo Fisco.
Como funciona abrir uma posição curta com futuros?
O trading com futuros permite apostar na queda de um índice ou ativo. Se o mercado cair, o valor da tua posição curta sobe, e podes realizar ganhos rápidos sem ter que vender as tuas ações atuais.
Isso pode ser muito interessante, já que podes cobrir a tua carteira e, ao mesmo tempo, aproveitar as quedas para gerar benefícios rápidos.
Por exemplo, em corretoras como Interactive Brokers, poderás vender futuros (ou abrir posições curtas) sobre os principais índices americanos a preços muito económicos, e até com uma oferta que inclui os primeiros 100 trades de forma gratuita. Deixo-te com os mais interessantes
Futuro | Movimento do preço por ponto | Comissão |
Futuro E-Mini SP500 | 50 USD | 1,75 USD |
Futuro Micro E-Mini SP500 | 5 USD | 0,75 USD |
Futuro E-Mini Nasdaq | 20 USD | 1,75 USD |
Futuro Micro E-Mini Nasdaq | 2 USD | 0,75 USD |
E as opções? Estratégias de cobertura como o spread
Da mesma forma, dentro do trading com opções também é possível gerir o risco com muita flexibilidade. Um exemplo de estratégia de opções que podes usar para cobrir a tua carteira num mercado em baixa é o Put Debit Spread, também conhecido como bear put spread.
Essencialmente, baseia-se em dois passos:
- Comprar uma opção put (direito de vender) sobre o índice ou ativo subjacente a um preço de exercício mais alto.
- Vendes uma opção put com um preço de exercício mais baixo, na mesma data de vencimento.

Esta situação, oferecer-te-ia proteção em caso de quedas, limitando o risco e reduzindo o prémio que pagas pela cobertura. Vejamos com um exemplo prático:
Supõe que o S&P 500 está em 4.000 pontos, e acreditas que pode cair a curto prazo:
- Compras uma opção put a 3.950 (com um preço de exercício próximo).
- Vendes uma opção put a 3.900 (com um preço de exercício mais baixo).
Se o S&P 500 cair e se aproximar de 3.900, o valor da tua opção put comprada sobe, e o valor da opção put vendida também sobe, mas a um ritmo menor, já que está mais próxima do seu vencimento.
No entanto, em ambos os casos devemos andar com muito cuidado, já que estamos a falar de instrumentos complexos, que nem sempre são fáceis de entender, e no caso de tomarmos uma má decisão por falta de informação, as consequências podem ser desastrosas.
Não fazer nada
Sem dúvida, a minha pior alternativa. Quando os mercados caem, a tentação de não fazer nada é grande. De facto, é a opção que muitos escolhem, esperar que passe a tempestade e que o mercado se recupere por si só.
Mas não fazer nada em momentos de incerteza também é tomar uma decisão financeira, e de muito risco.
Porque, ao não agir, deixas a tua carteira à mercê das flutuações do mercado. Não há garantias de que a recuperação seja rápida, e em alguns casos, poderias passar anos a ver como os teus investimentos perdem valor ou não avançam. Afinal, ao não agir, ocorrem duas coisas:
- O tempo, que a longo prazo é o teu maior aliado, aqui torna-se o teu inimigo.
- Poderias não aproveitar as oportunidades de investimento que surgem em mercados em baixa, simplesmente promediando o preço em baixa com um simples DCA.
Ou dito de outra forma, não fazer nada não é uma forma segura de proteger o teu dinheiro; é simplesmente uma forma de deixar que o mercado te arraste sem controlo.
Em suma, a chave para atravessar com sucesso um mercado em baixa é agir com estratégia. Seja através do investimento periódico, da cobertura ativa ou aproveitando produtos inversos, o mais importante é tomar consciência do momento em que estamos, o que poderia durar e até onde poderia chegar, e a partir daí manter o controlo das nossas decisões para não deixar que o medo ou a incerteza nos paralisem.
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Interactive Brokers: Investir em produtos financeiros implica correr riscos.
Os seus investimentos podem aumentar ou diminuir de valor, e as perdas podem exceder o valor do seu investimento inicial.
Pepperstone: Os CFD são instrumentos complexos e apresentam um risco elevado de perda rápida de dinheiro devido à alavancagem. 75,8% das contas de pequenos investidores perdem dinheiro quando negoceiam CFDs com este fornecedor. Deve considerar se compreende o funcionamento dos CFD e se pode correr o risco elevado de perder o seu dinheiro.
RANKIA PORTUGAL: Este artigo tem caráter exclusivamente informativo e educacional. As informações aqui contidas não constituem aconselhamento financeiro, nem recomendação de compra ou venda de quaisquer instrumentos financeiros. A rentabilidade passada não garante retornos futuros. Antes de tomar decisões de investimento, recomenda-se a consulta de um profissional devidamente habilitado.
XTB:Os CFD são instrumentos complexos e apresentam um risco elevado de perda rápida de dinheiro devido à alavancagem. 69-83% das contas de pequenos investidores perdem dinheiro quando negoceiam CFDs com este fornecedor. Deve considerar se compreende o funcionamento dos CFD e se pode correr o risco elevado de perder o seu dinheiro.
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