Bolsa de Milão (borsa italiana): História, empresas e principais índices

A bolsa de Milão é rica em história. Contamos-lhe o que é a borsa italiana, a sua origem, história e algumas curiosidades. Também saberemos onde se localiza, o seu horário de abertura e fecho, bem como os principais índices bolsistas que a compõem e as ações com maior rentabilidade por dividendo.

O que é a Bolsa de Milão?

A Bolsa de Milão, oficialmente conhecida como Borsa Italiana, é o principal mercado de valores de Itália. Localizada em Milão, esta bolsa foi estabelecida em 1808, tornando-a uma das mais antigas do mundo.

Bolsa de Milão ou Borsa italiana

Em 2007, a Borsa Italiana foi adquirida pelo London Stock Exchange Group, o que permitiu uma maior integração e colaboração entre os mercados de valores europeus. Isto ajudou a aumentar a visibilidade e acessibilidade das empresas italianas aos investidores internacionais.

A Borsa Italiana também é conhecida pelo seu principal índice, o FTSE MIB, que é um barómetro da saúde económica do país. Este índice é composto pelas 40 maiores empresas e líquidas que estão cotadas na bolsa, representando diversos setores da economia italiana.

Origem e curiosidades da Bolsa de Milão

A bolsa de Milão (Borsa Italiana), é uma das principais bolsas de valores do mundo, bem como uma das mais antigas, de facto a sua criação data de 16 de fevereiro de 1808.

A sua criação deve-se a Eugène de Beauharnais, vice-rei de Itália, e tinha como objetivo fornecer um mercado centralizado para a negociação de valores governamentais.

O local onde se localizava era o Palazzo Mezzanotte e inicialmente ajudava nas negociações de títulos do governo, essenciais para financiar as atividades do Reino da Itália.

Palazzo Mezzanotte, sede da bolsa italiana

Após a unificação da Itália no ano de 1861, originou um boom na economia e no comércio, pelo que a bolsa começou a permitir também a negociação de ações de empresas.

Em 1997 foi criada a Borsa Italiana, uma empresa privada que deu um forte impulso ao mercado graças a uma série de mudanças relevantes, como por exemplo a implementação da plataforma de comércio IDEM, que permitiu transações mais rápidas e ágeis, e também começou a oferecer derivados e ETFs.

Em 2007, a Borsa Italiana fundiu-se com a bolsa de Valores de Londres (LSE) para formar a Bolsa de Valores de Londres (LSEG), um marco que permitiu ver como muitos investidores vinham investir na bolsa.

Ao longo da sua história teve que lidar com eventos complicados, sendo o mais recente a crise mundial de 2008 que provocou uma recessão económica no país e uma queda do seu principal índice na ordem dos 50% em dois anos.

Como curiosidade, dizer que a bolsa de Milão é conhecida pela sua extravagante estátua gigante de mármore que mostra o dedo do meio conhecida como L.O.V.E., acrónimo de amor, ódio, vingança e eternidade. No entanto, os italianos a apelidaram de «il dito» (o dedo) di Cattelan . Esta figura é tão icónica como o touro em Wall Street.

Obra L.OV.E de Maurizio Cattelan, na porta da Bolsa de MIlão

Convém lembrar também que em Itália, muitas das empresas cotadas são empresas familiares. Isto pode influenciar a dinâmica da bolsa, uma vez que estas empresas podem levar em consideração considerações a longo prazo e valores familiares nas suas decisões comerciais.

A Bolsa de Milão em 8 datas chave

Estas são as datas chave na evolução e desenvolvimento da bolsa de Itália, desde os seus inícios até à sua integração nos mercados financeiros globais no século XXI:

1808 – Fundação

A Bolsa de Itália foi fundada em Milão sob o nome de “Borsa di Commercio di Milano” no Palazzo Mezzanotte (onde mantém a sua ocupação atual) durante os anos de ocupação napoleónica, marcando o início de uma era financeira formal em Itália.

A fundação da Bolsa de Milão em 1808

Nessa época, Milão tornou-se um centro crucial para o comércio e as finanças sob o domínio francês, o que propiciou a criação de um espaço formalizado para transações financeiras e comerciais. Esta instituição não só facilitou a troca de bens e valores, como também contribuiu para a estruturação do sistema financeiro no norte de Itália, que já mostrava uma atividade industrial e comercial proeminente.

1861 – O auge da bolsa italiana

Com a unificação da Itália em 1861, a Borsa di Milano assumiu um papel ainda mais crítico na economia nacional, ao tornar-se um dos pilares financeiros do novo estado italiano.

Este período foi marcado por um rápido crescimento industrial e o estabelecimento de muitas novas empresas, o que levou a uma maior procura de capital e, consequentemente, a um aumento nas atividades da bolsa. A unificação também significou a padronização das regulamentações económicas e bolsistas em toda a península.

1943 – Bombardeamentos na Segunda Guerra Mundial

Durante a Segunda Guerra Mundial, especificamente em 1943, o edifício original da Borsa Italiana foi destruído por bombardeamentos aliados. Apesar da devastação, a bolsa continuou a operar em locais temporários.

Este episódio reflete a importância crítica da Borsa na economia italiana, mesmo em tempos de guerra. A reconstrução pós-guerra do edifício, não só restaurou as suas funções, como também simbolizou a recuperação e o crescimento económico da Itália no período pós-guerra.

1991 – Automatização do sistema de intercâmbio

A introdução do Sistema de Interconexão Nacional (MTS) em 1991 revolucionou a Borsa Italiana, movendo-a para a automação completa das suas operações.

A automação também facilitou uma participação mais ampla de investidores internacionais e nacionais, tornando as transações mais acessíveis e menos propensas a erros humanos.

1994 – Criação do índice MIB30 (agora FTSE MIB)

O índice MIB30, lançado em 1994 e mais tarde renomeado como FTSE MIB, serviu como um reflexo do desempenho das principais empresas italianas.

Ao focar-se nas 40 maiores e mais líquidas empresas, este índice tornou-se um barómetro chave para a saúde económica da Itália.

1997 – Privatização e reconversão

A Bolsa de Milão torna-se uma sociedade anónima e funde-se com a Bolsa de Roma e a Bolsa de Turim para formar a Borsa Italiana, que é a que conhecemos hoje em dia.

Este movimento estratégico procurava modernizar e desregular o mercado. Ao separar-se do controlo governamental, a Borsa pôde operar de forma mais competitiva e alinhada com as bolsas internacionais.

2007 – Aquisição pelo London Stock Exchange Group

A Borsa Italiana é adquirida pela Bolsa de Londres (London Stock Exchange), criando o grupo London Stock Exchange Group (LSEG). Esta aquisição marca um marco importante na história da Bolsa de Itália e a sua integração nos mercados financeiros internacionais.

A Bolsa de Milão é adquirida pela Bolsa de Londres

Tal aquisição, não só reforçou a posição internacional da Borsa Italiana como também trouxe uma maior integração e colaboração entre os mercados europeus.

2009: nasce o índice FTSE MIB

A Bolsa Italiana lança o índice FTSE MIB, que substitui em 2004 o antigo índice MIB 30. O FTSE MIB replica o desempenho das 40 maiores empresas cotadas na Bolsa de Milão e torna-se no principal indicador do mercado de ações italiano.

O nome vem de Financial Times Stock Exchange (FTSE), o fornecedor de índices, e “MIB” é a sigla de “Milano Indice di Borsa”, que significa “Índice da Bolsa de Milão” em italiano.

Onde está a bolsa de Milão?

A Bolsa de Milão ou Borsa Italiana, é uma das poucas bolsas do mundo que mantém a sua localização na sede onde foi fundada (e posteriormente reconstruída), o Palazzo Mezzanotte.

Bolsa de Milão, localizada em Piazza degli Affari, 6, 20123

Com tudo, a sua localização exata é na Piazza degli Affari, 6, 20123, Milão.

Quando abre a bolsa de Itália?

A borsa italiana abre de segunda a sexta-feira, das 9 da manhã às 17:30 da tarde. Sem pausa ao meio-dia, como é habitual nas bolsas ocidentais.

👉 No entanto, se quiser saber mais sobre os dias em que encerra e os motivos, convido a visitar o nosso próximo artigo: Calendário de feriados das Bolsas de Valores

Qual é o nome do índice da bolsa italiana?

Na bolsa italiana existem vários índices de ações. No entanto, o mais importante de todos é o FTSE MIB. Vamos ver alguns deles:

O índice de ações mais importante na bolsa italiana é o FTSE MIB, que é composto pelas 40 principais empresas e as mais líquidas entre as cotadas, e é um parâmetro de referência para a saúde da economia do país e o desempenho das suas empresas. Como seria de esperar, o índice é revisto trimestralmente para garantir que continua a ser representativo do mercado bolsista italiano.

O FTSE MIB é o índice de referência da bolsa de Itália

O cálculo do índice baseia-se na capitalização de mercado ajustada pela flutuação, de modo que apenas considera as ações que estão em circulação, ou seja, as que estão disponíveis para o público.

Outros índices de ações relevantes

É evidente que o FTSE MIB, é um dos principais índices de ações do mundo, no entanto, outros índices italianos de interesse são os seguintes:

• FTSE Italia All-Share: é um índice de ações que representa o desempenho geral de todas as empresas cotadas na Bolsa Italiana. É um índice de amplo alcance que inclui todas as empresas que cumprem certos critérios de elegibilidade, como tamanho de mercado e liquidez. É um dos principais índices de referência para o mercado de ações italiano e fornece uma visão geral do desempenho geral do mercado de ações do país.

• FTSE Italia Mid Cap: Neste caso, estamos a falar de um índice de ações que representa o desempenho das empresas de média capitalização que são cotadas na Bolsa de Itália. Proporciona uma visão específica do desempenho deste segmento do mercado italiano. Inclui empresas que não são suficientemente grandes para estar no índice FTSE MIB, mas que têm uma capitalização de mercado significativa e uma liquidez adequada para serem consideradas como empresas de média capitalização.
• FTSE Italia Small Cap: Trata-se de um índice de ações que reflete o desempenho das empresas de pequena capitalização que são cotadas na Bolsa de Itália. Fornece uma visão concreta do desempenho deste setor do mercado italiano.

Quais são as maiores empresas da Borsa italiana?

Se está a pensar em investir na Itália, após esta revisão sobre as origens e história da sua bolsa, aqui deixo uma lista, ajustada pela capitalização de mercado das 8 maiores empresas da borsa italiana:

Empresa	Ticker	Capital mercado
Ferrari	RACE	79,10 B EUR
Stellantis	STLAM	73.42 B EUR
Intesa Sanpaolo	ISP	63.98 B EUR
ENEL	ENEL	62.27 B EUR
Unicredit	UCG	59.15 B EUR
ENI	ENI	50.58 B EUR
Generali Ass	G	35.586 B EUR
Tenaris	TEN	20.854 B EUR

Qual é a maior empresa da Itália?

Portanto, de acordo com a classificação que acabamos de dar acima, a maior empresa da Itália é a Ferrari (RACE), com uma capitalização de mercado próxima a 80.000 milhões de euros (final de abril de 2024)

Ferrari (RACE), a maior empresa de Itália

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Melhores dividendos de empresas italianas

Entre as companhias italianas que apresentam os melhores dividendos podemos destacar as seguintes:

• Intesa Sanpaolo 8,84%
• Enel 7,18%
• Banca Mediolanum 6,98%
• Eni 6,29%
• Banca Monte Paschi Siena 6,05%
• Banca Generali 5,96%
• Enav 5,96%
• Generali 5,47%
• Stellantis 5,26%
• Unicredit 5,13%

Como tal, se vai investir em dividendos de empresas italianas, desta vez, falamos-lhe sobre a corretora Trading212, onde não só encontrará ações reais a 0 euros em comissões, como também não lhe será cobrada qualquer tipo de comissão por manutenção de conta ou dividendos. Além disso, como pode ter conta em euros, também não estará sujeito(a) ao risco de mudança de moeda.

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👉 Por último, neste outro artigo, encontrará muitas outras opções de corretoras para investir em dividendos.

Outras bolsas europeias de interesse

Por último, e para que possa rever o resto das bolsas europeias de maior interesse, deixamos aqui alguns artigos:

A Bolsa de Madrid, formalmente conhecida como Bolsas y Mercados Españoles, é o principal mercado de valores em Espanha e desempenha um papel crucial na economia ibérica com o seu índice de referência, o IBEX 35.

Finalmente, a London Stock Exchange ou Bolsa de Londres é uma das maiores e mais antigas do mundo, estabelecida em 1801, e é reconhecida pela sua ampla influência global e pelo seu índice principal, o FTSE 100, que reflete o desempenho das 100 maiores empresas cotadas no Reino Unido.

Em suma, a Bolsa de Milão, comumente conhecida como Borsa Italiana, não é apenas uma das mais antigas da Europa, mas é uma das poucas que ainda mantém a localização na sua sede original, e que soube combinar a arte e o classicismo italiano, juntamente com a modernidade das novas tecnologias em matérias de finanças e mercados.